Pesquisadores do Centro de Biologia Molecular Severo Ochoa, de Madri, demonstraram, em ratos, que moléculas de colesterol são fundamentais para manutenção da memoria em bom estado
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Renata Diniz: Doutora em Ciência e Tecnologia de Alimentos. Professora do curso de Farmácia da Univiçosa
A perda de memória é uma consequência frequente do envelhecimento. A doença de Alzheimer é a forma mais difícil de demência e se caracteriza por perda de neurônios. Estudos recentes desenvolvidos em Madri, no Centro de Biologia Molecular Severo Ochoa, demonstraram que a molécula de colesterol pode ser um aliado na prevenção da perda de memória.
A lipoproteína LDL, conhecida como colesterol ruim, quando em excesso, pode provocar infarto e outras doenças cardiovasculares. O cérebro, por sua vez, necessita do colesterol para manutenção saudável dos neurônios. Para fixação de lembranças, é necessário colesterol na parte externa das membranas neuronais. A tendência é que o teor de colesterol no encéfalo diminua com a idade.
Os pesquisadores espanhóis demonstraram que, quando se impede a perda de colesterol em ratos mais velhos, com taxas de colesterol baixas no hipocampo, a memoria desses animais melhora significativamente. Essa descoberta necessita de mais estudos clínicos, inclusive em humanos, mas surge como mais um campo para tratamentos de demência e Alzheimer.
Atualmente, os fármacos frequentemente utilizados para diminuir o colesterol ruim são as estatinas. A agência reguladora de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos alertou sobre a possibilidade de estatinas estarem relacionadas à perda de memória e capacidade cognitiva. A demonstração de que a falta de colesterol está relacionada à demência pode levar ao questionamento da influência das estatinas na perda de memória, uma vez que essas substâncias são capazes de chegarem ao cérebro.