* Alessandra Santos de Paula (1) e Déborah Guarçoni Costa (2)
O carcinoma mamário, também conhecido como câncer de mama, é um tumor maligno caracterizado pela multiplicação descontrolada de células geneticamente anormais originadas da transformação de células normais da glândula mamária expostas a agentes agressores e que pode atingir, posteriormente, outros órgãos.
Nos países ocidentais, este tipo de câncer é uma das principais causas de morte de mulheres. As estatísticas indicam o aumento de sua frequência tanto nos países desenvolvidos quanto nos países em desenvolvimento. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), nas décadas de 60 e 70 registrou-se um aumento de 10 vezes nas taxas de incidência ajustadas por idade nos registros de câncer de base populacional de diversos continentes e, atualmente, estima-se que ocorram cerca de 1.050.000 casos novos de câncer de mama por ano no mundo.
Não há como prevenir o câncer de mama, porque não existe uma etiologia isolada para esta patologia. Em vez disso, uma combinação de eventos hormonais, genéticos e possivelmente ambientais pode contribuir para o seu desenvolvimento. Deste modo, para haver melhora do índice de sobrevida é essencial o diagnóstico precoce.
As formas mais eficazes para a detecção precoce do câncer de mama são o autoexame, o exame clínico e a mamografia, sendo que esta última é a que apresenta maior eficácia, sendo fundamental para o diagnóstico de tumores menores que 2 cm. Para mulheres com histórico familiar de câncer, a mamografia é recomendada anualmente a partir dos 35 anos de idade. Para as demais, sem histórico na família, uma vez por ano a partir dos 40 anos.
Os sintomas palpáveis do câncer de mama são o nódulo ou o tumor no seio, acompanhado ou não de dor. Podem surgir alterações na pele que recobre a mama, como abaulamentos ou retrações ou um aspecto semelhante à casca de uma laranja. E, ainda, nódulos palpáveis na axila. Assim, é importante que a mulher realize o autoexame de mama para familiarizar-se com a forma, tamanho, aspecto da pele da mama e do mamilo, o que vai facilitar precocemente a detecção de anormalidades, possibilitando um bom prognóstico, o que poderá evitar a mutilação do órgão. Contudo, o autoexame por si só não previne o câncer de mama, não substitui o exame físico realizado pelo profissional de saúde, médico ou enfermeiro, qualificado para essa atividade, mas é um eficiente auxiliar no diagnóstico precoce deste carcinoma.
Como fazer o autoexame de mamas
O AEM deve ser realizado após o início da sua menstruação, da seguinte forma:
- Em frente ao espelho, eleve e abaixe os braços. Observe se há inchaço, depressão da pele ou alteração no mamilo de cada mama. Poucas mulheres apresentam mamas exatamente iguais;
- No banho, com a pele molhada ou ensaboada, pressione os dedos esticados suavemente sobre toda a superfície da mama, procurando alguma saliência, caroço ou espessamento. Utilize a mão direita para examinar a mama esquerda e a mão esquerda para a direita;
- Deitada, coloque um travesseiro debaixo do lado esquerdo do corpo e a mão esquerda sob a cabeça. Com os dedos da mão direita, apalpe a parte interna da mama. Inverta a posição para o lado direito e apalpe da mesma forma a mama direita;
- Procurando secreção no mamilo, aperte suavemente o mamilo de cada mama com os dedos polegar e indicador. O aparecimento de secreção abundante ou sanguinolenta deverá ser relatado imediatamente ao seu médico.
Sinais Anormais
- Presença de nódulos na mama
- Deformação ou alteração no contorno natural da mama
- Retração ou desvio do mamilo
- Saliência ou reentrância da pele da mama
- Irritação da pele em torno do mamilo ou da aréola
- Pedra de sangue ou líquido escuro pelo mamilo
- Caroço duro na axila
Fatores de risco para a doença:
- Exposição a radiações ionizantes
- Grande ingestão de gorduras saturadas
- Obesidade
- Sedentarismo
- Menarca precoce
- Menopausa tardia
- Nuliparidade
- Primeira gestação após os 30 anos de idade
- Uso indiscriminado de preparados hormonais
- Consumo de álcool
- Antecedentes familiares positivos
Fatores de proteção para a doença:
- Atividade Física moderada
- Dieta rica em frutas e verduras
- Primeira gestação antes dos 30 anos de idade
- Aleitamento materno
- Menarca tardia
- Menopausa precoce
O tratamento geralmente compreende a realização de cirurgia para a remoção da massa tumoral, quimioterapia, radioterapia e, em alguns casos, hormonioterapia. Se tudo transcorrer bem, as três primeiras modalidades preenchem o primeiro ano. Após esse período de adaptação inicial, a paciente precisa continuar realizando exames periodicamente, a fim de verificar sua condição clínica.
O câncer de mama é, provavelmente, o mais temido pelas mulheres por sua alta incidência e, sobretudo, pelos seus efeitos psicológicos, que afetam a percepção da sexualidade e a própria imagem pessoal. Ele é relativamente raro antes dos 35 anos de idade, mas ocorre rápida e progressivamente acima dessa faixa etária.
A estatística atual indica que o risco de uma mulher desenvolver o câncer de mama é de 1 em 8, porém esse risco não é idêntico para todos os grupos etários.
* Gestora (1) e acadêmica do oitavo período (2) do Curso de Enfermagem da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde, mantida pela Univiçosa