Publicado em 19 de agosto de 2010
Um importante medicamento contra dor, desenvolvido a partir do veneno da aranha-armadeira (Phoneutria nigriventer) poderá estar no mercado em breve. A picada do inseto é temida porque provoca forte dor, aumento nos batimentos cardíacos, elevação da pressão arterial e agitação psicomotora.
Pesquisadores da Santa Casa de Belo Horizonte (MG) estão concluindo estudos sobre o potencial analgésico da toxina, mais eficaz do que a morfina. O novo medicamento vai permitir tratar dores crônicas, inflamatórias, cirúrgicas e neuropáticas, inclusive as dores provocadas por câncer.
Para o Gestor do Curso de Farmácia da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde [mantida pela Univiçosa], Marcos Rodrigo de Oliveira, essa nova substância poderá fazer o que os analgésicos mais potentes, como a morfina, não fazem: não induzir a tolerância. “A tolerância é um processo onde a pessoa toma o medicamento de forma contínua e a dose desse medicamento começa a não mais fazer efeito. Assim, a pessoa tem que tomar doses cada vez mais fortes. Isso acontece, por exemplo, com pessoas com câncer avançado”, explica.
O Professor Marcus Vinícius Gómez, do IEP (Instituto de Ensino e Pesquisa / Grupo Santa Casa) diz que o setor farmacêutico procura um agente terapêutico efetivo para a dor que não provoque tantos efeitos colaterais quanto produzem as drogas já existentes no mercado. Alguns laboratórios já demonstraram interesse em iniciar os testes clínicos com a toxina em humanos. A toxina foi purificada na Funed (Fundação Ezequiel Dias) e teve seus efeitos farmacológicos estudados pelo professor em parceria com a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).
A substância foi patenteada com o nome Ph-alfa-1beta.